ensaio sobre a vontade de falar/ ou comer coisapessoamor

ela acordava há dias com a sensação de sempre ser seu aniversário... pessoas a saudando pelas ruas, pulando de alegria quando a viam e festejando, e gritando seu nome, e a beijando, muito.
estava sempre prestes a ser presenteada mais uma vez...
poder gargalhar novamente sem o peso na garganta, sem o saco de pedras cinzas, era como finalmente engolir aquela papa rançosa de incenso barato com caju e bolachaguesal que martigava a anos.
agora morria de apetite. ja conseguia se ver engolindo pessoas, livros, futuros, comendo todos aqueles cortes de cabelo que sempre quis ter, pintando seu reto, intestino, estômago, esôfago pra assim vomitar beleza nas pessoas-gente que estavam ainda famintas.