quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Estranho

A vontade de mudar as coisas já estava sendo cozinhada fazia anos (se olhasse bem, perceberia o serzinho estranho que estranho era. Roupas estranhas, interesses estranhos, estranho na própria familia era estranho, e os estranhava também, muito recíproco! Estranhava o mundo a sua volta. Estranhando, começou a potencializar sua habilidade de ser estranhado).

O prato estava gratinando há alguns anos, num calor que vinha de dentro pra fora, como a raiva e a dor e a mágoa e o riso.

É estranho pensar em coisas que se demoram muito tempo na cozinha, fazendo caldas, descançando, sovando, ebulindo, batendo, fermentando e crescendo, mas foi assim mesmo que estranho se criou, na cozinha, sendo cozinhado pelos pais para ser nada mais que um normal. Que decepção... Estranhou-se!

Cozinhado de estranho, servido ao mundo, deliciou-o com o melhor dos sabores, surpreendendo e conquistando estômagos fartos do vulgar e carêntes de beleza e generosidade.
Finalmente estranharam-se todos!

3 comentários:

Unknown disse...

When you're strange, faces come out of the rain
When you're strange, no one remembers your name
When you're strange, when you're strange, when you're strange...

Anônimo disse...

e quando duas pessoas se estranham, que acontece? ainda é possível cozinhar um prato estranho?

pim la piel disse...

num sei....